As gemas coloridas derivam seus tons fascinantes de oligoelementos incorporados em suas estruturas cristalinas durante sua formação. Essas impurezas, frequentemente presentes em partes por milhão (ppm), interagem com a luz de maneiras que produzem cores vibrantes. Entre os oligoelementos mais influentes estão ferro (Fé)vanádio (V)crômio (Cr)titânio (Ti). Este artigo explora suas origens geológicas, mecanismos de coloração e seus papéis em pedras preciosas específicas.


1. Cromo (Cr): O Mestre dos Vermelhos e Verdes

Ocorrência geológica

O cromo é um metal de transição frequentemente encontrado em ultramáfico rochas (por exemplo, peridotitos, serpentinitos) e veias hidrotermais. Ele substitui alumínio (Al) em redes cristalinas devido a raios iônicos semelhantes.

Um funcionário da Sotheby's mostra uma peça soberba e extremamente rara rubi e diamante anel da Cartier, com um rubi birmanês pesando 25.59 quilates, cuja venda está estimada entre 12,000,000 e 18,000,000 de dólares americanos, durante uma prévia na casa de leilões Sotheby's em Genebra, Suíça, quarta-feira, 6 de maio de 2015. O leilão ocorrerá em Genebra em 12 de maio de 2015. (Martial Trezzini/Keystone via AP)

Papel na coloração das pedras preciosas

  • Rubi (Coríndon, Al₂O₃): O Cr³⁺ substitui o Al³⁺, produzindo tons vermelhos intensos. As transições eletrônicas dentro do Cr³⁺ absorvem a luz amarelo-esverdeada, transmitindo o vermelho.
  • Emerald (Berilo, Be₃Al₂Si₆O₁₈): Cr³⁺ (e às vezes V³⁺) induz um verde intenso. A presença de Fe pode modificar a tonalidade.
  • Alexandrite (chrysoberyl, BeAl₂O₄): Cr³⁺ causa uma mudança drástica de cor (verde à luz do dia, vermelho sob luz incandescente) devido às bandas de absorção seletiva.
  • Rosa Safira (Coríndon): Concentrações mais baixas de Cr produzem rosa em vez de vermelho.

Depósitos Notáveis

  • Rubis: Mianmar (Mogok), Madagascar, Tanzânia.
  • Esmeraldas: Colômbia (Muzo), Zâmbia, Brasil.

2. Ferro (Fe): O Corante Versátil

Ocorrência geológica

O ferro é onipresente na crosta terrestre, ocorrendo em máfico e rochas metamórficas. Ele existe em dois estados de oxidação:

  • Fe²⁺ (ferroso) – normalmente produz azul/verde.
  • Fe³⁺ (férrico) – tende para amarelo/marrom.

Papel na coloração das pedras preciosas

  • Safira Azul (Coríndon): A transferência de carga Fe²⁺ + Ti⁴⁺ (transição de intervalância) absorve luz vermelha, resultando em azul.
  • Água-marinha (berilo): Fe²⁺ em sítios octaédricos produz uma tonalidade azul.
  • Peridoto (Olivina, (Mg,Fe)₂SiO₄): Fe²⁺ produz verde-oliva a verde-amarelo.
  • Citrino (quartzo, SiO₂): Impurezas de Fe³⁺ criam tons de amarelo a laranja.

Depósitos Notáveis

  • Safiras: Caxemira (Índia), Sri Lanka, Montana (ESTADOS UNIDOS ).
  • Água-marinha: Brasil, Nigéria, Paquistão.

3. Vanádio (V): O Elemento Camaleão

Ocorrência geológica

O vanádio é frequentemente associado a hospedado em xisto depósitos e pegmatitos. Ele substitui Al³⁺ ou Cr³⁺ em estruturas cristalinas.

Papel na coloração das pedras preciosas

  • Berilo verde e azul-esverdeado (“Esmeralda Vanadian”): V³⁺ produz um verde puro, geralmente mais saturado que as esmeraldas à base de Cr.
  • Tanzanita (Zoisite, Ca₂Al₃(SiO₄)₃(OH)): V³⁺ (com Fe menor) causa tons azul-violeta pleocróicos. O tratamento térmico realça o azul.
  • Algumas Alexandritas Sintéticas: V³⁺ pode imitar a mudança de cor induzida por Cr.

Depósitos Notáveis

  • Tanzanita: Somente em Merelani Hills, Tanzânia.
  • Berilo vanadiano: Brasil, África.

4. Titânio (Ti): O Criador do Efeito Azul e Estrela

Safira azul

Ocorrência geológica

O titânio é comum em Rochas ígneas (por exemplo, rutilo em pegmatitos) e frequentemente forma lamelas de exsolução.

Papel na coloração das pedras preciosas

  • Safira Azul (com Fe²⁺): O Ti⁴⁺ participa da transferência de carga, essencial para o azul profundo.
  • Safira estrela/rubi: Agulhas de rutilo exsolvido (TiO₂) causam asterismo por meio de dispersão de luz.
  • Safiras rosa e roxas: As interações Ti-Fe podem modificar a cor juntamente com o Cr.

Depósitos Notáveis

  • Coríndons estrelados: Sri Lanka, Tailândia.
  • Safiras azuis: Madagascar, Austrália.

Conclusão

Rastreamento de elementos como Cr, Fe, V e Ti são fundamentais na definição das cores das gemas por meio de transições eletrônicas, transferências de carga e efeitos de campo cristalino. Sua incorporação depende condições geológicas, incluindo pressão, temperatura e química da rocha hospedeira. Entender esses processos ajuda os gemologistas a identificar pedras naturais e sintéticas e aumenta a apreciação da arte mineralógica da Terra.

Leitura

  • Nassau, K. (1983). A Física e a Química da Cor.
  • Giuliani, G., et al. (2019). “Formação, Geologia e Exploração de Gemas”. Revista Elements.